💌 4 • Com envolvimento, aprendo mais
E assim vou costurando a experiência do mestrado
Estou voltando para esta newsletter de mansinho. São vários meses em silêncio, mas não porque não houvesse o que contar. Hoje, aliás, quero suspender brevemente os relatos de viagem para falar mais sobre minha experiência de estudar Sustentabilidade na Inglaterra, antes que meu curso – uma colaboração entre Meio Ambiente e Arqueologia – acabe. O que acontecerá em menos de 3 meses (pausa dramática).

Estudar no exterior foi um sonho pensado durante muito anos. Espiava frequentemente os sites das universidades, calculava o investimento e desistia. Ano passado, eu consegui juntar condições que aumentaram as chances de vir. Recebi uma bolsa na University of York, contei com o precioso apoio da minha família, vendi muitos livros e, pela primeira vez na vida, tive como trabalhar remotamente.
Assim, ao longo dos últimos meses, estive na Inglaterra sem desconectar do Brasil. A sensação de caminhar por uma fronteira sentimental se tornou ainda mais aguda quando o Rio Grande do Sul foi atingido pelas enchentes. De um lado, estudando as previsões dos cientistas e a comunicação para a emergência climática; de outro, vendo incrédula o que acontecia com minha terra natal, cheia de sofrimento e ansiedade.

Sem entrar na rachadura que se abriu no tempo em maio, quero dizer que vivi, nesta temporada de estudos, o que meu contexto me permitiu. Lá e cá, estudando e trabalhando, aprofundei na teoria o que eu já vinha vivendo nos projetos profissionais. Logo entendi que eu também precisaria revisar aprendizados anteriores e até assumir que, em alguns temas, eu estava mais no início da jornada do que eu gostaria.
É óbvio que isso gerou medo de fracassar. Mas contei com professores, amigos e familiares ❤️ que me trouxeram, de forma muito generosa, a lembrança de que o mestrado é, sim, uma etapa de aprender. Parece óbvio, mas tendo feito um outro mestrado há muitos anos eu carregava o objetivo de buscar um título, uma “consolidação”. Algo que, naquela época, eu nem soube aproveitar tão bem.
Ao me abrir novamente à condição de estudante, ganhei profundidade em temas que me interessavam – e passei a gostar ainda mais deles. Por isso, hoje celebro coisas bem simples: entreguei os trabalhos do segundo semestre, consegui ler e revisar todos os feedbacks do semestre passado (aprendi mais com os ruins, confesso) e me vi contente nesse breve contato com a ciência e a pesquisa. Alguma coisa já deu certo!
Talvez daqui eu decida percorrer outras etapas da carreira acadêmica, e aí virão novas questões. Mas, por enquanto, ter topado fazer um mestrado em outra língua e em um lugar com uma cultura universitária diferente da minha me faz prestar mais atenção ao caminho. Coloquei no meu mural um post-it com a palavra “envolvimento”, como um lembrete para costurar com carinho as coisas que faço. Não deixar para trás o que construí, e ao mesmo tempo seguir. Espero que daqui se abram caminhos.
Obrigada a todos vocês, que dia após dia me ajudam a encher a mochila dos saberes e ferramentas. Seguimos muito perto, agora rumo à dissertação. E, para não dizer que não levei a tal mochila para conhecer novas paisagens, atualizei o álbum de fotos, incluindo o reencontro com minha amiga de todos os cantos, Thamys, em Edimburgo.
Com muito carinho,
Raquel



Ler esse teu relato foi como sentir um abraço beeem aconchegante em meio ao que eu imagino ser o clima daí - foggy, um tanto bucólico e bastante encantado como nos filmes. Eu tenho muito orgulho da tua caminhada e dos teus processos acontecendo, minha amiga inspiradora. Segue fluindo e nos levando sempre contigo, por favor 🌷
é lindo te ler sempre. me sinto inspirada na sua coragem. nossos caminhos juntos em breve. <3